No segundo dia no Cambodja aguardou-nos uma viagem de 5 a 6 horas até Siem Riep, a cidade dos templos Khmer. (É possível voar ou ir de barco também)
Iniciámos o dia com umas belas baguetes, influência da colonização Francesa (depois de tanto tempo em Singapura, o pão do Cambodja já nos parece uma maravilha do céu - apesar de incomparável ao português..).
Apanhámos o autocarro provavelmente com mais de 30 ou 40 anos (não admira só termos pago 5 USD), que vinha com alguns turistas, mas também bastantes locais, que viajavam para Siem Riep ou localidades entre as duas cidades.
A viagem, embora longa, foi excelente para ver o interior do país e as aldeias do Cambodja para além de termos tido o privilégio de ouvir musica cambojana e assistirmos ao Rambo na língua local. eheh
Foi interessante ver que a maioria das casas nas aldeias que se extendem ao longo da estrada são barracas de madeira improvisadas, que se erguem sobre altas estacas; a princípio pensávamos que seria por causa das chuvas. Mas durante a viagem, um rapaz do Cambodja meteu conversa connosco e ao perguntarmos-lhe sobre estas casas, ele respondeu que é por causa das térmitas. As estacas até podem ser feitas de madeira, mas segundo ele, estão sobre cimento (que podíamos ver), e alguns centímetros de altura bastam para impedir que as térmitas subam e estraguem a madeira. Quanto mais altas forem as estacas, mas "status" tem a casa e a família, encontrámos casas sobre estacas que facilmente chegavam aos 2/3 metros de altura.
Além disso, as casas são de madeira, por questões religiosas, visto que só os templos deverão ser feitos de Pedra, um material mais resistente e dispendioso (historicamente, já que actualmente as casas de madeira são mais dispendiosas que uma casa de cimento).
A viagem permitiu-nos ter uma ideia da vida pacífica mas esforçada que a população do interior do Cambodja tem.
As crianças brincam na rua, de pés descalços e com roupas com cores esbatidas. As famílias e vizinhos, conversam todos juntos,em círculos, numas espécies de cabanas que costumam haver em frente ás casas abrigados na sombra.
Vêem-se agricultores a tratar a terra,senhoras a pendurar a roupa no quintal das casas...casas muito simples, muitas delas ainda sem electricidade e com janelas sem vidros (obviamente!), apenas com portadas de madeira.
De vez em quando vê-se uma barraquinha que vende os bens essenciais como arroz, fruta, snacks e refrigerantes e garrafas de gasolina para as motas que vão passando e que são uma realidade crescente neste país.
Nesta altura do ano a paisagem é bastante agradável, com muito sol. Simplesmente não chove. O Cambodja tem cerca de 6 meses de chuva e 6 meses de sol, e nesta altura, só há sol. A juntar a isto a paisagem não tem muitas montanhas. É maioritariamente composta por planícies e por isso dá para ter uma vista que se estende até bem longe. De vez em quando dá para ver ao longe templos, cidades, e cemitérios coloridos.
Parámos pelo caminho, uma das quais ao pé de uma fábrica de criação de aranhas, tarântulas talvez, daquelas gordas e bem peludas :). Estas aranhas podem ter o tamanho quase de uma mão e são uma iguaria aqui. A população local usa estas e outros insectos, como baratas e frita-as. Deixamos algumas fotos da viagem e das iguarias :)
Logo nesta viagem começámos a aperceber-nos da simpatia deste país. As pessoas sorriem facilmente, respondem ao nosso aceno de mãos com vivacidade e espontaneidade. Os mais jovens metem conversa, querem saber de onde somos e praticar um pouco o seu inglês rudimentar.
Siem Reap já tem o feeling de uma cidade, e facilmente se sente o impacto do turismo visto que toda a cidade está em continua construção...construção de novos hotéis, urbanizações e infra-estruturas para satisfazer a procura turística.
É barato arranjar alojamento na cidade e na Rua principal encontram-se todo os tipos de restaurantes, que podem custar de 3usd a 20 usd e que podem oferecer uma refeição tipicamente cambodjiana ou uma perfeita pizza italiana/hamburger americano.
A deslocação pela cidade pode ser feita simplesmente a pé (não é assim tão grande) ou de Tuk Tuk, umas bicicletas/motas com um atrelado para 2 a 4 pessoas se sentarem e que por 1/2 usd fazem qualquer rota de 10 a 20min.
Ao chegarmos a Siem Riep aguardava-nos um guia. Fizemos questão de contratar um guia certificado porque para estes casos onde se visitam templos como Angkor Wat, sabemos que vale a pena. Ter um bom guia pode fazer a diferença entre apenas ver os templos ou ter uma experiência mais profunda, conhecer a história, os costumes. Além disso é um completo descanso, porque o guia tem o seu próprio transporte, leva-nos aos lugares a visitar e nós só temos que absorver o que partilha connosco e tirar as fotos para mais tarde recordar!
Ainda tendo chegado no inicio da tarde, foi possível rumar até ao Parque de Angkor Wat (onde se encontram os templos) e ver o Pôr-de-Sol num dos templos. É bonito, místico mas apercebemo-nos que outras centenas de turistas se lembraram de fazer o mesmo :)
Uma boa dica, se entrarem no Angkor Park depois das 17h podem comprar um bilhete de um dia que será válido para esse final de tarde e para o dia seguinte. Geralmente as pessoas pensam que só poderão comprar no próprio dia!
Mas deixaremos as nossas impressões sobre os templos para um próximo post. Por agora ficam aqui mais algumas imagens.